Por Elizabeth Madureira Siqueira

 

Maria Benedita Deschamps Rodrigues (Dunga Rodrigues). Nasceu em Cuiabá-MT, aos 15 de julho de 1908, tendo completado, em 2016, 108 anos. Os primeiros estudos foram cursados junto ao tradicional Asilo Santa Rita, como aluna externa, e em seguida na Escola Modelo Barão de Melgaço. O ensino médio foi realizado no tradicional Liceu Cuiabano.

Diplomou-se em piano e harmonia pelo Conservatório Musical de Mato Grosso e pelo Conservatório Brasileiro de Música (RJ), com certificado registrado junto ao Instituto Villa Lobos. Diplomou-se contadora pela Escola Técnica de Comércio de Cuiabá.

Lecionou piano e francês em diversos estabelecimentos de ensino.         Pelos seus conhecimentos sobre a cultura e musicalidade regional, foi admitida como Agente Didático no Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional da Universidade Federal de Mato Grosso.

Membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso.

Publicou as seguintes obras: Uma aventura em Mato Grosso (1984), Reminiscências de Cuiabá, em comemoração aos 250 anos de Cuiabá, Marphysa, romance folclórico cuiabano, Os Vizinhos, Cuiabá: roteiro de lendas, Memória Musical da Cuiabania (em 4 volumes), Lendas de Mato Grosso, Cuiabá ao longo de cem anos, em coautoria com Maria de Arruda Müller,  Colcha de Retalhos e Movimento musical em Cuiabá.

Ela foi empossada na AML, no dia 19 de setembro de 1984, ocupando a Cadeira nº 39, tendo sido recepcionada pelo Acadêmico António de Arruda, cujo discurso foi intitulado Dunga Plural, visto seus múltiplos talentos .

Faleceu na cidade litorânea de Santos-SP, no dia 8 de janeiro de 2001. 

Depois cremada, em Santos-SP, a família veio para Cuiabá para entregar as cinzas, enterradas no Cemitério do Porto, mas também compartilhar com os cuiabanos – de origem e adoção – de uma missa na Catedral Metropolitana de Cuiabá. Na ocasião, o então Presidente da AML, João Alberto Novis Gomes Monteiro, solicitou à Família que doasse o acervo que pertenceu a Dunga. Meses depois, o Arquivo da Casa Barão de Melgaço estava recebendo um dos mais importantes conjuntos documentais, visto que Dunga, durante toda a sua vida, preservou os papéis, mobiliário, fotografias e escritos de seu pai, Firmo José Rodrigues, nascido em Cuiabá em 1865 e falecido na mesma cidade.

A Família acionou a Curadoria da Casa Barão de Melgaço que efetuou o traslado de todo acervo, ficando os pianos e as partituras musicais com o Conservatório Dunga Rodrigues. Um presente inigualável, pois foi, além dos papéis, fotografias, mobiliário e objetos, uma excelente biblioteca que pertenceu a seu pai e a ela. Todo acervo, hoje, se encontra devidamente catalogado, e para consultar o catálogo acessar www//casabarao.com.br. Parte dos jornais, onde foram publicados artigos referentes aos dois titulares já estão parcialmente digitalizados, assim como escritos e originais de obras.

Com isso, a memória de Cuiabá e de Mato Grosso se enriqueceu sobremaneira, uma vez que esse acervo tem servido para inúmeros trabalhos de pesquisa em âmbito de Mestrado e Doutorado, nas áreas de História e de Letras.

Seguem algumas fotos do acervo:

Recibo de pagamento da taxa sobre herança de um quintal sito à Rua Barão de Melgaço, pago à Câmara Municipal de Cuiabá.

7 de junho de 1886 – Cuiabá (MT)

Guia de recolhimento do pagamento do imposto de transmissão de propriedade em hasta pública.

2 de junho de 1886 – Cuiabá (MT)

Certidão de batismo, passada pelo Vigário da Paróquia de São Gonçalo de Pedro 2º, Cônego Antonio Henriques de Carvalho Ferro, pelo nascimento de Maria, filha do Major Francisco Carlos Bueno Deschamps e de Polyscena do Lago Bueno Deschamps, residente naquela paróquia. O batizado foi celebrado pelo Pe. Constantino Tassio, capelão do Exército.

19 de agosto de 1883 – Cuiabá (MT)

2ª via da certidão de batismo de Maria Rita Deschamps, esposa do titular, fornecida pela Arquidiocese de Cuiabá, Igreja de São Gonçalo, a 22 de novembro de 1979.

7 de agosto de 1883 – Cuiabá (MT)

Guias de recolhimento do imposto de transmissão de propriedade, junto à Coletoria Geral de Cuiabá, pagas por Bento José Rodrigues, pai do titular, pela venda de imóvel.

1844 – Cuiabá (MT)

Certidão de batismo, passado pelo Vigário da Santiago de Inhaúma afirmando que batizara no dia 13 de fevereiro de 1842, a Bento José Rodrigues, filho legítimo Fabiano José da Silva e de Vicência Rosa de Jesus, naturais do Rio de Janeiro.

23 de agosto de 1882 – Santiago de Inhaúma (RJ)

Petição acompanhada de José Thomaz Gonçalves ao Presidente da Província comprovando que Bento José Rodrigues prestou relevantes serviços à pátria brasileira por ocasião da Guerra contra o Paraguai.

18 de julho de 1881 – Cuiabá (MT)

Abaixo-assinado dos mestres, contramestres e armadores das oficinas do Arsenal de Guerra da província de Mato Grosso, ao Presidente da Província, reivindicando que o mestre da oficina de serralheria, Bento José Rodrigues, fosse ressarcido do corte de salário que sofrera desde agosto do mesmo ano. (seguem 12 assinaturas)

 30 de setembro de 1875 – Cuiabá (MT)

Escritura de compra e venda de uma propriedade por Bento José Rodrigues, pai do titular, vendida por Fabiano da Rosa Nunes, como pagamento de uma dívida da herança de seu filho. O imóvel era uma casa situada no 2º distrito de Cuiabá.

20 de maio de 1873 – Cuiabá (MT)

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